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O futuro é daqueles que ficam e lutam

Atualizado: 14 de set. de 2020

por Kya Mesquita



Reprodução: Pinterest



Mas se estamos cada vez mais instáveis, como faremos esse futuro?

O ano de 2020 (últimos meses), 2021 e 2022 carregam a forte missão de reapresentar o que foi esquecido sobre Aquário em nossa humanidade. Esse signo é tradutor da necessidade de, em grupo, permanecermos imaginando, pensando e educando um futuro diferente. Não acredito em previsões de como isso vá se expressar, pois acredito no poder da História, e você vai entender isso até o final desse texto.

Ao observar os planetas que tratam da História, adentrando em símbolos de comunicação e de programação tecnológica, entenderemos a exigência máxima de olhar para o lado, de visualizar socialmente onde estamos nessa Terra, nesse sistema, nesse mundo para fazer esse tal futuro.

Todos queremos um futuro, nem sempre um futuro para todos de fato, nem sempre um futuro viável para a Terra. Por exemplo, racistas, fascistas e capitalistas vivem programando um futuro que querem para si. Aquário nos pergunta se vamos tirar o nosso radicalismo esperançoso da arte e da conexão que fazemos uns com os outros ou se seremos destruídos pela desesperança. Isso não é sobre mim, não é sobre você, é sobre o futuro e quem estará aqui.

Aquário é o arquétipo radical, é o extremo, aquele que incomoda os outros com sua expressão, pois entende que a única “não alternativa” é a de acreditar que não existe caminho além do tradicional e conservado até hoje — seu antecessor é Capricórnio, o amante da estrutura vigente e duradoura. Atente-se que isso vale para tudo, sistemas, organizações, modus operandis de relacionamento e comunicação, e múltiplas outras consciências.

Um exemplo de que a juventude sabe bem o poder que a palavra e a arte têm:

No dia 29 de Janeiro de 2020 foi lançado o livro Levantes da Resistência, escrito por estudantes do Levante Popular da Juventude e publicado pela editora Expressão Popular. Com poemas, letras de rap, fotos e desenhos de mais de setenta artistas, falam sobre política, resistência, exclusão, luta, amor, utopias e esperanças. A obra foi produzida a partir de um processo coletivo de organização, fiel à natureza do Levante.

Uma lei antiabraços proíbe entusiastas de abraçarem suas causas. Cláusulas nefastas impedem manifestações amorosas de abraçar as multidões E os poetas, esses otimistas, preveem manhãs ensolaradas. Diego Ruas

A movimentação é lenta, por mais que as relações e os pensamentos precisem de movimento (Elemento Ar): Aquário é apegado à ideia de libertação da condição atual. Os signos fixos (como já abordei na nossa 7ª edição) são a permanência, não são solucionadores repentinos, fazem o que fazem o tempo todo para conseguir adquirir alguma segurança de construírem sua realidade. Se somarmos o pensamento e o agrupamento social com a permanência e a consistência, entenderemos por que consideram Aquário um signo futurista.

Existem duas questões aqui:

Um: é que estranhamos sua radicalidade e coletividade, não nos imaginamos como grupos e sim como indivíduos (efeitos do capitalismo e também do neoliberalismo). Nos baseamos no passado para dizer que se algo nunca aconteceu não será amanhã que acontecerá de maneira possível, dizemos “é triste, mas, os poderosos sempre serão os poderosos”;

Dois: é que existem aqueles que usam do desespero convincente para justamente nos fazer acreditar (em efeito manada) de que não existe outro caminho possível senão o da angústia da exploração, do genocídio aos indígenas e negros, do feminicídio, da morte da cultura e da educação; que o mundo não tem mais jeito, não adianta nem votar, nem buscar aprender, nem rever e nem imaginar, pois seria tudo utopia.

Para solucionar essas questões precisamos de atenção contínua ao nosso corpo, físico e político, atenção aos outros corpos físicos e políticos, atenção ao que ainda está aqui. Precisamos nos alegrar com o que está sendo feito e com o que ainda pode ser feito, mesmo que estejamos preocupados e angustiados com tudo o que está sendo derrubado, morto, destruído e ocultado. Atenção à arte, à resistência, às candidaturas, ao conhecimento, aos livros que foram publicados nos últimos anos também.

Eu não sou uma pessoa que acredita em "destino dado" mesmo que fale com e dos símbolos astrológicos. Assistindo ao vídeo da professora e drag queen, a querida Rita Von Hunty, do canal Tempero Drag, fui levada a aprofundar um texto do Paulo Freire que nunca havia lido e que me esperançou a permanecer acreditando e fazendo o que tenho feito em meu cotidiano:

Por tudo isso me parece uma enorme contradição que uma pessoa progressista, que não teme a novidade, que se sente mal com as injustiças, que se ofende com as discriminações, que se bate pela decência, que luta contra a impunidade, que recusa o fatalismo cínico e imobilizante, não seja criticamente esperançosa.

A desproblematização do futuro numa compreensão mecanicista da História, de direita ou de esquerda, leva necessariamente à morte ou à negação autoritária do sonho, da utopia, da esperança. É que, na inteligência mecanicista e portanto determinista da História, o futuro é já sabido. (...)

É possível que a notícia tenha provocado em pragmáticos neoliberais sua reação habitual e fatalista em favor sempre dos poderosos. “É triste, mas, que fazer? A realidade é mesmo esta.” A realidade, porém, não é inexoravelmente esta. Está sendo esta como poderia ser outra e é para que seja outra que precisamos os progressistas de lutar.[1]

Este trecho foi escrito em 1996, no livro Pedagogia da Autonomia, 24 anos atrás, quando Júpiter (planeta também da educação e do movimento intelectual expansivo) estava passando pelo mesmo signo que passa hoje: Capricórnio. E anunciando a necessidade do que viria a acontecer no final daquele ano, a entrada de Júpiter em Aquário.

O mesmo movimento de Júpiter no ano de 1996 acontecerá em 2020, mas com outros complementos, outra disposição, fazendo parte de outro contexto.

Paulo Freire era virginiano, com Lua em Áries, e também nasceu durante uma conjunção de Júpiter e Saturno, como a que estamos vivendo atualmente (acontece cada 20 anos). E justamente no dia em que esses dois planetas sociais e exigentes sobre educação e sociedade passavam pelo mesmo grau do Sol em Virgem.

Essa é a reflexão de Aquário: para um ciclo que vai bem além de uma semana, ou um mês.

[1] Paulo Freire, “Ensinar exige alegria e esperança” In. Pedagogia da autonomia: Saberes necessário à prática educativa. São Paulo: Paz & Terra, 2020.

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