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Foto do escritora palavra solta

Faltam menos de cem dias

por Gustavo Gomes




Na disputa estadual no Rio, empate técnico: Marcelo Freixo (PSB) tem 22%, enquanto Cláudio Castro (PSC), aparece com 18%




100 dias, 3 meses, 14 semanas.




Jingle oficial de campanha de Marcelo Freixo



Temos menos tempo do que isso para decidirmos o futuro do nosso país. E não é qualquer futuro. As eleições de 2022 nos colocam entre a dignidade e a barbárie. Em tons de esperança e de aparente estabilidade nas pesquisas, retomo meu artigo anterior onde ressaltei o cuidado com a sensação de “já ganhou”! Nada está ganho até que o atual presidente tenha uma derrota acachapante nas urnas. Mas, não precisamos nos furtar a sonhar com um país onde o presidente não protagonize dezenas de escândalos pelo seu governo desastroso, ou pela sua politicagem bélica e populista. Temos um Brasil novo a construir e vale ressaltar o movimento petista de apresentar uma plataforma para que a população envie projetos e participe da elaboração do plano de governo. Um movimento ainda tímido, mas diante deserto de ideias e propostas para o Brasil, é água fresca, é uma brisa inesperada.


Enquanto isso, o ocupante do planalto precisa conviver com dois grandes escândalos em um período muito curto de tempo. O primeiro, atinge seu ex-ministro da educação, por quem um dia jurou, frente aos eleitores, colocar a cara no fogo. O segundo, o agora ex-presidente da caixa, homem forte e próximo do governo, acusado de assédio durante o desempenho de sua função. Sim, corrupção e misoginia. Dois dos maiores cânceres do Brasil presentes no governo daquele que representa um projeto de atraso que, hoje, invade mentes e deteriora políticas públicas em todo o Brasil.


No entanto, sigo na linha de que derrotar Bolsonaro é só o primeiro dos nossos problemas. “O Lula da nossa geração é o próprio Lula”. Foi uma frase que eu ouvi esta semana. Será difícil encontrar uma síntese melhor do problema que vivemos. Falta renovação de quadros e faltam projetos que nos possibilitem vislumbrar um futuro mais esperançoso para o Brasil. Nos estados, isso se reflete nas pesquisas. Há de se louvar o interesse que o eleitor brasileiro tem sobre as eleições presidenciais. 8% dos entrevistados estão entre os brancos, nulos e indecisos. Ou seja, 92% da população já decidiu o seu voto para presidente.


No Rio de Janeiro, pela pesquisa Real Time Big data, quando o eleitor é perguntado espontaneamente, ou seja, sem que tenham nomes previamente escritos, 58% das pessoas não sabem responder em quem vão votar para o governador do estado. O Rio já vem perdendo as contas dos governadores presos. O atual governador, desconhecido e utilizando eleitoralmente os recursos obtidos pelo leilão da Cedae, sem qualquer planejamento ou compromisso com o interesse público, é o vice do último a ser denunciado, acusado e se tornado o primeiro governador do Brasil a sofrer impeachment. Por aqui, esse atual governador mantém-se tecnicamente empatado com Marcelo Freixo, do PSB. Ambos com alta rejeição. Os demais, com pouco desconhecimento e com pouca rejeição, mantêm-se ainda sem expressividade nas pesquisas eleitorais.

Em São Paulo, a vida da esquerda se mostra mais fácil. Haddad com 27%, contra um Tarcísio, que cresceu ao longo dos últimos meses, chegando a 17%, passando um Márcio França que hoje possui 14% dos votos a preservar em seu capital político para, muito provavelmente, deixar a disputa pela cadeira para disputar as eleições ao lado de Haddad. O número de eleitores que não sabem responder qual candidato votaria, nas pesquisas espontâneas, chega a 44%. Os brancos e nulos chegam a 23%. Juntos, podemos dizer que 67% da população de São Paulo ainda não está envolvida, de verdade, nas eleições para escolher o governador do seu estado.


Vivemos em um Brasil bastante preocupado para escolher o seu presidente, mas pouco preocupado em escolher os seus governadores. Será uma tarefa difícil para as campanhas que querem dar visibilidade para os problemas do estado. Infelizmente, esses problemas não são resolvidos somente com a escolha de um presidente. Vide a situação do estado do Rio de Janeiro, em frangalhos, administrativamente falando. Sem projeto, sem propósito... literalmente um grande vazio.


Se essa despreocupação da população sobre os governadores é preocupante, é de assustar a própria ausência de pesquisas sobre as escolhas dos deputados estaduais e federais. Em um país dominado pelo centrão, seja a nível federal, seja a nível estadual, a despreocupação com os deputados que serão eleitos é dura e muito preocupante.

Faltam menos de 100 dias. É o momento em que o brasileiro se direciona para pensar no futuro do país. Só não podemos esquecer que o país não é governado somente por um presidente (graças a Deus e aos Orixás). O país contará com um presidente, dezenas de governadores e centenas de deputados estaduais e federais. Precisamos escolher e nos movimentar para ressaltar a importância dessas escolhas.






Cantor ligado à renovação carismática da Igreja Católica, o governador Claudio Castro ainda não anunciou seu jingle, mas é possível vê-los em cultos com seu sucesso cristão

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